Fortes confrontos entre um grupo de moradores e camponeses simpatizantes do ex-presidente Evo Morales, que bloqueiam uma rodovia em uma localidade mineradora no sul da Bolívia, deixaram pelo menos duas pessoas feridas nesta terça-feira (10), informou a polícia.
Os manifestantes impedem a agem de carregamentos de alimentos e combustíveis há vários dias na localidade de Llallagua, em Potosí, 300 quilômetros ao sul de La Paz.
Eles exigem a renúncia do presidente Luis Arce, a quem culpam pela crise econômica e acusam de manipular as instituições para excluir Morales das eleições de 17 de agosto.
Os moradores afetados tentaram pela manhã restabelecer o trânsito, mas os simpatizantes de Morales tentaram impedi-los.
“Eles entraram em confronto com a população. Como resultado disso, duas pessoas ficaram feridas”, disse o coronel Limbert Choque, porta-voz da polícia na região, à Radio Fides.
O oficial afirmou que os manifestantes usaram pedras, paus e até “explosivos” para defender o bloqueio.
“Houve uso indevido de explosivos, dinamite”, especificou.
Os feridos foram levados a um hospital local, enquanto o bloqueio persiste.
Há nove dias, os partidários de Evo Morales paralisam vias no centro e no sul da Bolívia. O departamento mais afetado é o de Cochabamba, reduto político do líder aimará.
Segundo a estatal a Boliviana de Estradas (ABC, na sigla em espanhol), até esta terça-feira foram registrados 29 pontos de bloqueio em todo o país.
Morales está refugiado desde outubro ado na região cocaleira de Chapare. Ele é alvo de uma ordem de prisão por suposto tráfico de uma menor durante sua presidência, acusação que ele nega.
O governo de Arce o responsabiliza por impulsionar os protestos para impedir a realização das eleições de 17 de agosto, nas quais o líder cocaleiro aspirava participar, mas não conseguiu registrar sua candidatura.
O ex-presidente, que governou em três mandatos entre 2006 e 2019, está impedido de se candidatar devido a uma decisão judicial que permite apenas uma reeleição presidencial.
O Ministério Público abriu na segunda-feira uma investigação contra ele após ser denunciado por “terrorismo” e outros crimes pelo governo, por incentivar os bloqueios.
jac/gta/val/lm