O cantor Ney Matogrosso se encontrou nesta quarta-feira, 10, com a primeira-dama, Rosângela da Silva, a Janja, para discutir um projeto de lei que trata sobre o aumento de pena para crimes que envolvem animais silvestres.
Após a reunião, o artista ainda participou, ao lado da ativista Luísa Mel, de uma audiência na Câmara dos Deputados sobre o tema. Ney explicou que, aos 12 anos, foi chamado para caçar pelo seu avô. “Eu imaginava, na minha cabeça de criança, que era caçar um bichinho para comer, porque isso era muito comum. Não foi o que eu vi…”, disse.
“Ali eu conheci a loucura humana. Eles começaram a atirar em macacos e eu não entendi aquilo, porque eles não iam comê-los”, contou o cantor. “Eles estavam treinando a pontaria. Eu vi mães defendendo os filhotes como gente.”
Ney Matogrosso se tornou um militante da causa e transformou uma fazenda pessoal em reserva particular. “O trabalho que o Instituto Vida Livre conduz começou há dez anos na fazenda no Ney. Lá foi a nossa primeira área de soltura”, disse Roched Seba, representante da ONG.
Projeto de lei agrava pena para maus tratos de animais silvestres
O projeto de lei, de autoria do deputado Marcelo Queiroz (PP-RJ), tem como objetivo “garantir a proteção da nossa fauna silvestre, de forma equivalente e igualitária ao que já é garantido para cães e gatos domésticos”.
Para isso, propõe aumento da pena por maus tratos de animais silvestres dos atuais seis meses a um ano de prisão para dois a cinco anos de reclusão, acompanhada de multa e suspensão ou perda da permissão, licença ou autorização obtida. Há ainda a previsão de aumento da pena pela metade caso a espécie seja ameaçada ou esteja em unidades de conservação.
A punição ainda pode ser aplicada, segundo o texto, para quem impede a procriação da fauna, modifica, danifica ou destrói ninho e vende, exporta ou compra animais selvagens.
“Eu apoio totalmente esse projeto. Enquanto as pessoas não se sentirem ameaçadas, elas não vão mudar”, disse Ney Matogrosso.
Atualmente, os crimes contra animais silvestres são tratados como de baixo potencial ofensivo. Caso o projeto seja acatado pelo Congresso, a classificação mudaria e seria possível usar ferramentas como interceptações telefônicas para rastrear suspeitos e prendê-los.